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Mostrando postagens de junho, 2009

Liberdade compartilhada.

Taí algo sobre o quê eu realmente desconheço se alguém no mundo há de concordar comigo... É sobre o sentir das coisas. Penso cá que o sentir é um derivativo muito mais do 'como' do que do 'o quê'. Pensem na morte. Quão cruel é lidar com a perda de alguém que se vai trágica e precocemente, face a outrem que parte tranquilo em seu sono, e na idade devida? Às vezes me pego pensando se não superestimo as pessoas, acreditando que podem lidar com as coisas da melhor maneira possível, e, na hora do famigerado "vamos ver", acaba a forma subjugando o conteúdo e resultando em sentimentos mais dolorosos do que poderiam ser. É como se na primeira GM, antes da penicilina, dos primeiros socorros, da morfina, onde os ferimentos eram os mesmos, mas as formas precárias de cuidá-los resultavam em amputações e mortes. Mas, seguindo com essa analogia - muito estranha, diga-se de passagem - há de se convir que, assim como os tratamentos dos ferimentos de guerra na primeira década

A Esperança é a última que... foge.

"Então, Prometeu subiu aos céus e roubou as sementes do fogo 'à roda do sol', trazendo-as depois para a terra, escondidas num tronco oco. Dessa feita, a vingança de Zeus foi exemplar. Prometeu foi acorrentado no Cáucaso com correntes de ferro, e uma águia, nascida de Equidina, a Víbora Monstruosa, devorava-lhe o fígado, que sempre renascia. O suplício durou até o dia em que Hércules, com uma flecha, abateu a águia e libertou o gigante de suas correntes. Mas como Zeus jurara pela Estige que Prometeu permaneceria eternamente preso à montanha, decidiu-se que o juramento seria mantido se o gigante, libertado, usasse um anel de aço no qual estivesse encastoado um fragmento da rocha. A punição dos mortais foi ainda mais severa, pois irremediável. Zeus pediu a Hefaísto (Hefesto) e à deusa Atená que criassem um ser ainda desconhecido, ao qual cada um dos deuses ornaria com uma qualidade. Esse ser foi a Mulher; e, como ela recebera tantos dons, foi chamada de Pandora (a que tem tod

Tristeza não tem fim.

Todos os problemas da vida um dia acabam. E o que sobra depois? Alívio, poderia-se dizer? Talvez, mas não teria tanta certeza disso. Quando os problemas se vão, o que fica no lugar é um imenso vazio, um buraco onde houvera algo forte e intenso que nos ocupara dia e noite. Quando as alegrias se vão, somos tomados de serenidade, uma sensação de que vivemos algo bom, que infleizmente não está mais lá, mas que pelo menos, um dia aconteceu. É como se a felicidade, ao sair, não deixasse seu lugar vazio, deixa-nos um sentimento de que somos completos porque já fomos felizes. Se recebemos uma notícia muito boa - passei no vestibular! - essa felicidade dura um tanto, e, passada a euforia, o contentamento, fica a satisfação da alegria consumada: sim, eu pertenci a este momento de existência em que fui feliz. A Felicidade nos toma. Já a tristeza não. Nós é que a tomamos. Quando se vai, fica um tremendo vazio - isso tudo pra quê? Uma vez li - ou alguém me contou, ou foi uma conversa, é dessas cois

Diálogo Interior

- Não, definitivamente eu não lido bem com isso! - Pois devia! Não entendo! Não há racionalmente razão alguma para você sentir desta forma... - Pois, é, né? Mas já é velho conhecido nosso o dizer: o coração tem razões que a própria razão desconhece! Não há saída! Por mais que eu estranhe esse sentimento em mim, é inundante! Chega como um córrego, que aos poucos se avoluma, e basta uma frase, um pensamento, uma simples constatação, para qu eu o reviva uma e outra vez em toda sua caudalosidade. - Se você parar para pensar, levas a vida que sempre sonhara! - Levo a vida... Ô sentimento ambíguo! Ao mesmo tempo em que sempre ostentei o estandarte das minhas escolhas, sempre a mim acompanhou a sensação de uma designação maior, que me levaria ao meu caminho inexoravelmente... Levo a vida que me leva. A diferença para os dias de hoje, é que nesse idílio a certeza de que o inexorável levaria à realização plena era simplesmente incontestável... - E agora? - Agora?... Agora teorias da conspiração

Amor - parte 3: Dança.

Arte é uma modalidade de amor. É amor aquilo que é mobilizado dentro de nós quando fazemos ou assistimos arte. É um sentimento de completude, de beleza que nos toma no contato com a arte e que é bem próximo, ou mesmo, é o próprio indizível. É o sentir pré-verbal: e isso é amor. O amor é pré-verbal, é da ordem do urobórico , daquilo que sentimos no corpo que sou eu antes mesmo de poder descrevê-lo ou descrever-me. E é no corpo que se faz a dança. Dança é movimento. E mais do que nunca, essa é uma afirmativa verdadeira na dança contemporânea. A dança historicamente sempre estave ligada a outras categorias, teatro, ópera, música, mas a dança contemporânea é - me perdoem os escolados se me equivoco - a grande vociferação do dueto corpo-movimento. Nesta modalidade de dança, corpo e movimento são as grandes vedetes, mais que a história subjascente, mais que a música, mais que todo o resto, que são, claro, coadjuvantes fundamentais, mas que não têm o peso e o sentido da dupla corpo-movimento