Todos os problemas da vida um dia acabam. E o que sobra depois? Alívio, poderia-se dizer? Talvez, mas não teria tanta certeza disso. Quando os problemas se vão, o que fica no lugar é um imenso vazio, um buraco onde houvera algo forte e intenso que nos ocupara dia e noite. Quando as alegrias se vão, somos tomados de serenidade, uma sensação de que vivemos algo bom, que infleizmente não está mais lá, mas que pelo menos, um dia aconteceu. É como se a felicidade, ao sair, não deixasse seu lugar vazio, deixa-nos um sentimento de que somos completos porque já fomos felizes. Se recebemos uma notícia muito boa - passei no vestibular! - essa felicidade dura um tanto, e, passada a euforia, o contentamento, fica a satisfação da alegria consumada: sim, eu pertenci a este momento de existência em que fui feliz. A Felicidade nos toma.
Já a tristeza não. Nós é que a tomamos. Quando se vai, fica um tremendo vazio - isso tudo pra quê? Uma vez li - ou alguém me contou, ou foi uma conversa, é dessas coisas que a gente ouve o galo cantar e não sabe onde - sobre um estudo de psiquiatria e/ou neurologia que afirmava: depressão (tristeza) vicia. Alegava que o sentimento ruim provocava uma sensação em determinada área do cérebro que é da mesma monta que aquilo que pode produzir um alucinógeno, uma bebida, cigarro, ou qualquer outra coisa que vicie - sexo, chocolate, pra citar os bons. Depois que li (ouvi) isso, nunca mais esqueci. Essa informação me marcou profundamente. Eu que sempre tive tendências a melancolizar - call me bipolar if you will - passei a ser assombrada pela possibilidade do vício a cada período de melancolia mais extenso.
Quão aterrador: meu deus, e se eu não tiver motivos para estar triste??? E se eu me forçar a ficar triste, como da vez que me forcei a voltar a fumar cigarros intragáveis só porque gosto? Dois problemas graves nessa situação: o primeiro, e mais óbvio é o fato de se perder tanto tempo infeliz, quando não se teria motivos para isso e poderia-se estar aproveitando a vida de outra forma. O outro problema, menos óbvio, mas mais grave ao meu ver é que isso seria a total e completa deslegitimação do meu sofrer!!! Como assim, vício? Não estou sofrendo por merecimento, por causas internas ou externas, porque o mundo é cruel, mas sim porque "dá onda"??? Onde já se viu! Não senhor, meu sofrimento é legítimo!
Acho que deve ser mais ou menos assim que funciona na hipocondria, ou naquelas pessoas que, ao mais simples cumprimento "olá, tudo bem?" já dissertam uma ladainha sobre como tudo vai mal, como sou doente/pobre/infeliz/sozinho/culpado, etc, etc, etc.
Neurose ou vício a questão é que sofrer faz falta. O sofrimento, a tristeza, melancolia, é algo tão inundante que quando escoa deixa-nos como naufragos perguntando o que aconteceu, onde está tudo, quem somos. Mas o ruim disso tudo é que esse lugar ocupado é tão forte, tão intenso, que muitas vezes, nos mantemos na melancolia justamente para não ter que lidar com o vazio que vem depois. Arrumamos problemas onde existe simplicidade, vemos a vida pelos ângulos mais difíceis, choramos nossas lamentações, nos sentimos sufocados - mas as mãos que apertam nossos pescoços são as nossas mesmas.
Tudo isso sobre isso aqui, porque me disse - eu mesma mo disse: less "crying like a baby" and more of "ok, that's what I want".
(post curto, porque estou de saída, pondo em prática a máxima que admoestei a mim mesma...)
Já a tristeza não. Nós é que a tomamos. Quando se vai, fica um tremendo vazio - isso tudo pra quê? Uma vez li - ou alguém me contou, ou foi uma conversa, é dessas coisas que a gente ouve o galo cantar e não sabe onde - sobre um estudo de psiquiatria e/ou neurologia que afirmava: depressão (tristeza) vicia. Alegava que o sentimento ruim provocava uma sensação em determinada área do cérebro que é da mesma monta que aquilo que pode produzir um alucinógeno, uma bebida, cigarro, ou qualquer outra coisa que vicie - sexo, chocolate, pra citar os bons. Depois que li (ouvi) isso, nunca mais esqueci. Essa informação me marcou profundamente. Eu que sempre tive tendências a melancolizar - call me bipolar if you will - passei a ser assombrada pela possibilidade do vício a cada período de melancolia mais extenso.
Quão aterrador: meu deus, e se eu não tiver motivos para estar triste??? E se eu me forçar a ficar triste, como da vez que me forcei a voltar a fumar cigarros intragáveis só porque gosto? Dois problemas graves nessa situação: o primeiro, e mais óbvio é o fato de se perder tanto tempo infeliz, quando não se teria motivos para isso e poderia-se estar aproveitando a vida de outra forma. O outro problema, menos óbvio, mas mais grave ao meu ver é que isso seria a total e completa deslegitimação do meu sofrer!!! Como assim, vício? Não estou sofrendo por merecimento, por causas internas ou externas, porque o mundo é cruel, mas sim porque "dá onda"??? Onde já se viu! Não senhor, meu sofrimento é legítimo!
Acho que deve ser mais ou menos assim que funciona na hipocondria, ou naquelas pessoas que, ao mais simples cumprimento "olá, tudo bem?" já dissertam uma ladainha sobre como tudo vai mal, como sou doente/pobre/infeliz/sozinho/culpado, etc, etc, etc.
Neurose ou vício a questão é que sofrer faz falta. O sofrimento, a tristeza, melancolia, é algo tão inundante que quando escoa deixa-nos como naufragos perguntando o que aconteceu, onde está tudo, quem somos. Mas o ruim disso tudo é que esse lugar ocupado é tão forte, tão intenso, que muitas vezes, nos mantemos na melancolia justamente para não ter que lidar com o vazio que vem depois. Arrumamos problemas onde existe simplicidade, vemos a vida pelos ângulos mais difíceis, choramos nossas lamentações, nos sentimos sufocados - mas as mãos que apertam nossos pescoços são as nossas mesmas.
Tudo isso sobre isso aqui, porque me disse - eu mesma mo disse: less "crying like a baby" and more of "ok, that's what I want".
(post curto, porque estou de saída, pondo em prática a máxima que admoestei a mim mesma...)
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Estranhe.