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Mostrando postagens de julho, 2010

Olho Mágico.

O palco vira espetáculo. O espectador vira espetáculo. Quem olha quem olha é o espectador de quem observa, através do olho mágico. O movimento através do olho mágico não chega ao espectador que observa o movimento de quem vê o movimento distorcido através do olho mágico. São três os estágios; o de quem está lá, o de quem olha quem está lá, e o de quem olha quem olha quem está lá. E quem olha, olha o que? Os que olham quem está lá, percebem-nos como uma realidade pouco concreta, quase onírica. Os que olham quem olha quem está lá, não sabem em absoluto o que se passa, apenas observam os observadores observarem, como um desdobramento da caverna platônica. E o que será que observam eles? Do outro lado, os que estão lá criam o fio que costura toda a relação, quer os observadores a conheçam, quer não. Mas ela está lá. Esta história está lá. eles estão lá. Ou não. E foi só isso o que se viu. Música. Voz.

Impressões de uma entrevista analítica.

"E então, você pode me ajudar?" Deveria, visto que teoricamente você estaria me pagando para isso. Mas o que vem a ser "ajudar"? Na verdade, o buraco é mais embaixo. O que é exatamente esta profissão que se propõe a ouvir as mazelas do mundo e fazer algo com elas? Fazer o que com elas? As pessoas sofrem, meu deus!, como sofre o ser humano! Ou, como diria brilhantemente um querido parente, como sofre quem padece! Escarafunche a vida de qualquer um próximo a você, o porteiro, a moça que senta à mesa da recepção do seu escritório, aquele gordinho que toma o mesmo elevador que você todas as manhãs, sua tia, você mesmo. Inevitavelmente vai achar uma história de por no chinelo as novelas da Globo, com traços rodrigueanos, influências nietzschenianas, releitura de Bukowsky. Fernando Pessoa e Clarice Lispector, Augusto dos Anjos, parecem que falavam para si quando escreveram aquelas tais ou quais frases, não é mesmo? Tudo é possível no universo da vida humana. E ainda ass

Será? Até que se prove o contrário.

Há um filme chamado " Como se fosse a primeira vez ", cujos detalhes acerca de atores, personagens, diretor, etc., não darei aqui pois não interessam ao tema, pra isso o hiperlink, que trata de uma moçoila que sofre de amnésia anterógrada ( Korsakoff ), impedindo a memorização de curto prazo imediatamente após o trauma. Simplificando: a cada adormecer, ela "apaga" os acontecimentos recentes entre o trauma e aquele momento, como se estivesse "congelada" naquele último instante anterior ao, no caso, acidente. No filme, o mocinho quer a mocinha e, a máxima romântica explorada pelo enredo, tem que conquistá-la novamente toda manhã, again and again. Não nos interessa aqui o processo, mas sim o resultado: como é um filme, e todos viveram felizes para sempre, eles casam-se, têm uma linda filhinha e passeiam de barco pelos mares árticos. Para que isso seja possível, ele levanta-se antes dela todas as manhãs e deixa ao seu lado da cama uma fita de vídeo, com todas