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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Bolero de Ravel.

 Faz parte da cultura paraibana. Sim, o Bolero de Ravel. No município de Cabedelo, bairro do Jacaré, às margens do rio Sanhoá, todos os dias, há 3.385 dias (81, pela memória de F.K.), Jurandy do Sax  toca o Bolero de Ravel, pontualmente desde o momento em que o sol começa a se por até este desaparecer totalmente atrás da mata na outra margem do largo rio. Jurandy sai de um pier sobre a água num dos restaurantes que ficam à margem do Sanhoá, entra numa canoa, e, de pé, navega pelo rio tocando o Bolero de Ravel em seu sax. Por do Sol no Jacaré, imperdível. Comi bode. Duas vezes. E peixe e camarão e feijoada e amendoim cozido na casca e castanha e devo estar um 5 quilos mais feliz. A balança daqui é atrasada no peso de verão, pr'as visitas ficarem à vontade e comerem mais um cadinho. É importante notar também o cachorro quente: é de carne moída. Até tinha umas salsichas - acho que em nossa homenagem - mas o negócio mesmo é pão a bolonhesa. Imagino que não seja tão interessante ficar

Diálogos 4: Por que você foi embora?

- HEIN? - O que? - Por que? - Já te falei... - Não entendi. - Mas fui claro... - Depois de tudo... - Nunca dei a entender... - Mas as coisas que falamos? - Eu não quis dizer... - Falso. - Ãhn? - Canalha. - Como? - Homem! - O que você quer dizer com isso? - Oras, isso mesmo! Canalhasalafrárioenganadorfilhadaputagostoso! - Mas querido!!! - Querido uma ova! - Nunca mais vou lá! - Onde? - Lá, onde você me esnoba na frente dos seus amigos! - Mas querido... - Querido é o caralho! Chegacabou! - Mas eu quero... - Não me importa, Rubem, não me importa. Ou assume, ou está tudo acabado. Não tolero ver você com mais mulher alguma! - André.... - Não me importa! - Eu te... - Não quero saber, é mentira! Enquanto não for só pra mim, é mentira! - Nunca serei... - Então nunca terás... - Posso mudar! - Mudar? - Sim, mudar. - Duvido. Prove! - Amanhã mudarei... amanhã...

Diálogos 3: O que você foi fazer?

- Mas doutor, não gostei! - Como assim? - Do que o senhor fez! - Mas você está curada! - Exatamente! - Não gostou de estar curada? - Não. Quero a recidiva da minha patologia! - Não entendo! - Com todos os sintomas de volta! - Mas porque? Não se sente melhor assim? - Defina "melhor"? - Ora, foram-se as dores, a febre, a tensão muscular. Seus olhos não lacrimejam mais, sua garganta desobstruiu, está respirando melhor! Aquela sensação de aperto no peito e nó no estômago também passou e seu coração não corre mais risco de enfarte. Não tens mais dor de cabeça. Os pés não estão inchados e suas pernas se movimentam livremente agora. Sua saúde está restaurada, minha jovem! - Mas e o buraco? - Que buraco? - O buraco que fica agora! O que eu faço sem sentir isso tudo? Não sinto mais meus pés, minha cabeça, meu estômago, meu coração, não sinto mais nada! Como sei que ainda os tenho se não os sinto? - Mas eu te garanto, estão aí e funcionando plenamente. - Sua garantia nã

Diálogos 2: Ela não te ama.

- Mas eu gosto dela. - Como pode? - Não sei, assim... - Mas ela é completamente louca! - Eu sei. - Descompensada! - Eu sei. - Esquizofrênica! Bipolar! Borderline! - Eu sei. - E ainda assim?... - Eu a amo. - O que ela te fez? - Nada. - Nada? - E tudo. - Tudo o que? - Mandinga. - Na boca do sapo? - É uma abstração... - É uma aberração, eu diria. - Você não a conhece. - E você? - Sei o suficiente. - Ela fuma? - Fuma. - Bebe? - Bebe. - Deve ter filhos... - Um aquário... - Muitos filhos?! - Não, peixes. - Não entendo... - Os peixes? - Não, você! Um rapazinho tão inteligente... - Qual a relação? - Devia saber onde se mete! - Mas eu sei! - Sabe? Então porque? - Eu a amo. - Porque a ama? - Deve ser carne. - Se é assim, porque não diz? - O que? - A ela! - Que a amo? Nunca! - Porque não? - E destruir tudo o que temos? Nem pensar... - Mas não têm nada.... - Por isso... Teríamos menos ainda. - Ela é louca. - Concordo. - Então? - Me casaria! - Na

Diálogos 1: Morte em vida.

- Foi? - Fui? - Já? - Já. - E já voltou? - Já! - Porque? - Não deu certo. - Mas como? - Não sei direito. - O que aconteceu? - Muita coisa. - Muita coisa o que? - Ah, não dá pra contar... Pra falar teria que ir do início... - Faz isso então, oras! - Não posso. - Porque? - Tem muita coisa que não lembro. - Faz um esforço. - Não consigo. - Porque? - Dói. - Dói? - Dói. - Foi tão ruim assim? - Não. - Então? - Foi maravilhoso. - Então porque não lembra? - Por que não deu certo. Fiz questão de esquecer. - Mas se você foi lá e tudo! O que pode ter dado errado? - Não sei, algo no meio do caminho, talvez... - Você diz, a estrada? - Não, não é isso. - Então? - A hora em que cheguei. - A hora em que chegou? Que tem? - Era tarde. - Da noite? - Não, demais. Era tarde demais. - E o que... - Ele já estava morto. Não houve o que pudesse... - Morto?! Mas me parecia tão... - Vivo, eu sei. É apenas impressão. Mortinho. - Quem diria... - Eu não. - Nem eu. Se ao