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Mostrando postagens de maio, 2009

Realidade: introdução.

Sinto ter estado muito ausente deste meu espaço nos últimos dias. Mas isso é efeito de um fenômeno muito curioso: a realidade. Outro dia eu andara dizendo por aí: a realidade retorna sempre e se faz sentir paulatinamente como uma bigorna. Viver o dado de realidade é inexorável, apesar de todas as patologias que possam contestá-lo, ou até mesmo, anulá-lo. Tive a sorte de passar dois meses numa realidade criada por mim mesma, forjada na pseudo-liberdade de se não ter que fazer. De forma que era tão distante da realidade cotidiana, tão próxima da fantasia, que me foi alimento para estranhar os filosofismos que desvario aqui. Mas chegaacabou. E a realidade dos homens retornou como demanda intermintente, com poucos segundos de pausa. Mas o que é, enfim, realidade, isso de que tanto se fala por aqui? Porque a vida que vivi estes dois últimos meses parecia-me tão fantasiosa e porque chamar de realidade apenas aquilo que mais se aproxima de um consenso geral socialmente determinado de como se

Um pouco de prática.

Enfim, os filosofismos se tornam inúteis se não tocam na vida prática do ser humano, perdidos eternamente nas metafísicas longínquas. Por isso, Me admira muito saber que ainda há aqueles - e são muitos, eles - que não se dão conta da dimensão do que é viver neste planeta com todos os outros seres que aqui habitam, conheçamo-los ou não. Ok, vocês acham que é pedir demais. Me admira então que eles não tenham uma mínima percepção, qual seja, a de que não estamos sozinhos no mundo. E não me refiro aos extraterrestres - embora sejam muito amigos meus - mas ao outro, esse mesmo, que está ao seu lado aí. Existem outras pessoas, outros bichos, outras plantas, outras pedras, outras tantas coisas nesse mundão de meu deus, comment c'est possibile que alguém ainda se ache isento de participação no todo? Não sei, talvez isso soe tão estranho pra mim porque esse sentimento de pertença a um todo muito maior do que a soma das infinitas partes é talvez tão ou mais antigo em mim do que o próprio es

Amor - parte 2: Contato.

Quanto tempo pode uma pessoa ficar sem ser tocada? Existem vário estudos em macacos, generalizados para crianças humanas, ou estudos em crianças mesmo, enfim, tem muita gente por aí que defende graves danos à estrutura da personalidade ocasionados pela falta de contato corporal nos primeiros anos de vida. Falta de carinho, falta de colo, falta de abraço. Falta do calor do corpo do outro. Talvez alguém por aí não acredite, mas o não contato com o corpo do outro pode te tornar uma pessoa pior. O corpo humano tem uma temperatura específica, uma textura própria, uma densidade, cheiros, que edredon nenhum no mundo pode reproduzir, quem dirá substituir. Mas mais do que os fenótipos, o corpo - e aqui não me atrevo a dizer só do corpo humano - os corpos têm algo que nenhuma biologia foi capaz de explicar, embora não haja psicologia que possa discordar: os corpos têm sentimentos. E por sentimentos aqui entenda-se não apenas aquilo de que você pode dizer, mas também, e principalmente, daquilo qu

Isto é um poema.

Feiticeira Moreninha, Casta flor da minha vida, Quando cismas à tardinha Nos teus sonhos embebida Não sentes a aragem trêmula Que em teus cabelos se enlaça, E o murmúrio que perpassa Como uma queixa perdida Do dia que além se esvai? Dize — sabes o segredo Que essa linguagem te diz, Quando a brisa oscula a medo As tuas tranças gentis?... . Pois ouve... não fujas, não... Escuta o gemer da brisa; É minha alma que desliza Nas asas da viração . Ruy Barbosa.

Isto não é um poema.

O outro é aquela ilusão que criamos Na solidão das madrugadas Nunca será real. Não espere nada E aquilo que virá Não será o que você deseja. É possível felicidade? Ou isso é só esquecer Que pode ser diferente? Anestesiar-se. Felicidade é anestesiar-se O resto é desconforto Impermanência. O inferno é o desejo que temos de que nossa criação corresponda aos nossos desejos da madrugada.

Amor - parte 1: Idiossincrasias.

As pessoas me parecem tão interessantes, e elas assim me o parecem porque são quem são e não outros, mas elas mesmas. Chama-se idiossincrasia. Às vezes, observo alguém que carrega balas Halls na bolsa, e diz, comprando um pacote assim que o anterior ainda está pela metade: "não vivo sem elas!", e acho isso lindo! Quão interessante! Tenho certeza absoluta que alguém se deixaria seduzir infinitamente por esta característica tão peculiar que pertence tanto à intimidade daquela pessoa que quase passa despercebida. Outros tem um jeito peculiar de arrumar o dinheiro na carteira. Outros usam adoçante na caipirinha. Outros usam o humor como ponte para seus relacionamentos. Outros estão sempre com as unhas pintadas. Outros são exigentes e sempre reclamam de quase tudo, pois quase tudo não está dentro dos seus padrões de exigência. E eu sempre acho praticamente impossível alguém não se apaixonar por estas pessoas. Não se apaixonar pelos seus detalhes, pela maneira como mexem nos cabelo