Sinto ter estado muito ausente deste meu espaço nos últimos dias. Mas isso é efeito de um fenômeno muito curioso: a realidade.
Outro dia eu andara dizendo por aí: a realidade retorna sempre e se faz sentir paulatinamente como uma bigorna. Viver o dado de realidade é inexorável, apesar de todas as patologias que possam contestá-lo, ou até mesmo, anulá-lo.
Tive a sorte de passar dois meses numa realidade criada por mim mesma, forjada na pseudo-liberdade de se não ter que fazer. De forma que era tão distante da realidade cotidiana, tão próxima da fantasia, que me foi alimento para estranhar os filosofismos que desvario aqui.
Mas chegaacabou. E a realidade dos homens retornou como demanda intermintente, com poucos segundos de pausa.
Mas o que é, enfim, realidade, isso de que tanto se fala por aqui? Porque a vida que vivi estes dois últimos meses parecia-me tão fantasiosa e porque chamar de realidade apenas aquilo que mais se aproxima de um consenso geral socialmente determinado de como se viver?
O próprio termo "dado de realidade" é controverso. Se eu tenho um delírio, qual seja, de ser Napoleão, e o submeto ao crivo do dado de realidade, na verdade o estou submetendo à concepção de real de outrem, posto que, em princípio, minha realidade é ser Napoleão. As patologias têm o privilégio de contestar o dado de realidade como prerrogativa primeira.
Porque o cotidiano da vida prática parece-nos mais real do que a inconstância de se estar parcialmente fora do pacto social?
Talvez a resposta esteja exatamente nesta idéia: constância x inconstância. Mesmo agora que sabemos que tudo é perecível, mutável e em movimento, depois de tantos séculos de desenvolvimento científico e filosófico para nos explicar que um rio não é o mesmo duas vezes que o olhamos, nossa mente/estrutura psíquica - e consequentemente, nossa vida - se organiza em termo do que é constante, daquilo que pode ser reconhecido, do que figurativamente permanece.
Por isso talvez, é que o cotidiano nos pareça tão real, e tudo o que foge a ele, um sonho. Quanto mais algo torna-se concreto, mais parece ser real. A realidade sugere algo de palpável, crível. Tudo o que é efêmero, fluidio, inconstante foge à nossa definição de real. Pessoas inconstantes, tornam-se virtualidades em nossas vidas, ficando delas apenas o vai-vém do fort-da, apenas uma imagem esfumaçada como nos sonhos mais antigos.
Há muito que se falar sobre realidade aqui. Estranhar a realidade é meu esporte favorito. Mas por hora encerro, porque o real me chama cedo amanhã em objetos concretos que precisam de mais que definições abstratas: precisam ser manipulados por mãos concretas de realidade.
Outro dia eu andara dizendo por aí: a realidade retorna sempre e se faz sentir paulatinamente como uma bigorna. Viver o dado de realidade é inexorável, apesar de todas as patologias que possam contestá-lo, ou até mesmo, anulá-lo.
Tive a sorte de passar dois meses numa realidade criada por mim mesma, forjada na pseudo-liberdade de se não ter que fazer. De forma que era tão distante da realidade cotidiana, tão próxima da fantasia, que me foi alimento para estranhar os filosofismos que desvario aqui.
Mas chegaacabou. E a realidade dos homens retornou como demanda intermintente, com poucos segundos de pausa.
Mas o que é, enfim, realidade, isso de que tanto se fala por aqui? Porque a vida que vivi estes dois últimos meses parecia-me tão fantasiosa e porque chamar de realidade apenas aquilo que mais se aproxima de um consenso geral socialmente determinado de como se viver?
O próprio termo "dado de realidade" é controverso. Se eu tenho um delírio, qual seja, de ser Napoleão, e o submeto ao crivo do dado de realidade, na verdade o estou submetendo à concepção de real de outrem, posto que, em princípio, minha realidade é ser Napoleão. As patologias têm o privilégio de contestar o dado de realidade como prerrogativa primeira.
Porque o cotidiano da vida prática parece-nos mais real do que a inconstância de se estar parcialmente fora do pacto social?
Talvez a resposta esteja exatamente nesta idéia: constância x inconstância. Mesmo agora que sabemos que tudo é perecível, mutável e em movimento, depois de tantos séculos de desenvolvimento científico e filosófico para nos explicar que um rio não é o mesmo duas vezes que o olhamos, nossa mente/estrutura psíquica - e consequentemente, nossa vida - se organiza em termo do que é constante, daquilo que pode ser reconhecido, do que figurativamente permanece.
Por isso talvez, é que o cotidiano nos pareça tão real, e tudo o que foge a ele, um sonho. Quanto mais algo torna-se concreto, mais parece ser real. A realidade sugere algo de palpável, crível. Tudo o que é efêmero, fluidio, inconstante foge à nossa definição de real. Pessoas inconstantes, tornam-se virtualidades em nossas vidas, ficando delas apenas o vai-vém do fort-da, apenas uma imagem esfumaçada como nos sonhos mais antigos.
Há muito que se falar sobre realidade aqui. Estranhar a realidade é meu esporte favorito. Mas por hora encerro, porque o real me chama cedo amanhã em objetos concretos que precisam de mais que definições abstratas: precisam ser manipulados por mãos concretas de realidade.
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Estranhe.