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Tudo o que tenho por um pouco de paz de espírito, John!

Eu queria apenas ser, sem sabê-lo. Sem saber o como, quando e o porque de ser como quando e porque. Ser sem ciência, no máximo, uma leve intuição de por onde ir. Eu queria dizer, sem pensá-lo. Sem saber o porque do que digo nem adivinhar o porque da resposta que recebo. A inconsciência da ignorância do substrato de tudo.
A consciência de si não é a ciência do subjacente. Posso saber de mim mesma, sem entender-me, nem a ti. Sei que sou, e basta. Não me interessa o que move meus passos, interessa que ando. Queria andar sem me notar, e, caso batesse numa parede, a culpa seria dela por estar ali, e não minha. O que sei de mim, é minha responsabilidade. Gostaria de lavar as minhas mãos.
E que o resultado das coisas fosse apenas uma prerrogativa do suprapessoal, sem vínculo algum com minhas escolhas.
E que as palavras fluíssem de meus dedos incessantemente.
Penso, logo sou e sofro. Sofro a reflexão de mim mesma sobre o que sou. Se flutuasse na plenitude paradisíaca do não saber, o mundo e eu seríamos um só. E tudo seria um reflexo de mim mesma.
Mas sou uma, e muitas dentro de mim. Todo o mundo está dentro e fora, e num e noutro lugar não sou eu quem está ali, e, sim, sou eu ali.
Queria não saber das relações. Que um poder transpessoal e divino decretasse: assim seja!, e assim seríamos. Mas a cada dia a vida tornava-se muito estranha, e como Alice, não podia mais ser quem eu era hoje. A vil autonomia recolhe sua paga. E nunca se pode voltar atrás, sem o castigo de, tentando fazê-lo, prender-se eternamente a meio caminho, nunca mais em paz.

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