Diz-se de quem procura, que este acha. Sou a prova viva. Quanto mais procuro, mais encontro material diverso para fundamentar todo o absurdismo que aqui despejo.
Acabo de encontrar, por exemplo, uma filosofia dessas que andam por aí desde finados "1800 e encarnação passada", que apregoa - muito que resumidamente aqui, pois que não quero ser achincalhada de não saber discorrer fidedignamente sobre tal, coisa que não o sei mesmo - algo sobre mônadas, quais sejam: a partes que se coadunam para formar os todos. Por exemplo, os átomos. Mas a novidade - em 1895 - é a proposta de que as mônadas (sério, vão pesquisar na wikipédia e afins pra entender isso aqui direito) são, ao invés das últimas instâncias a que se pode algo reduzir, pasmem!, compostas. Infinitamente compostas de diferenças. Significando, para este filósofo e os que nele acreditam, que qualquer coisa no mundo poderia ser decomposta em infinitésimas diferenças. (Que meu amigo me perdoe se isto aqui estiver muito plagiístico de seu texto, mas já vou descambar para outros quinhentos...)
Sim, mas o que eu queria com essa explicação superficial de caráter introdutório que em verdade serviu mais para embaralhar a cabeça de quem não conhece o autor em questão e não sabe o que é uma mônada, era chegar ao fato de que, este dado filósofo - quem gostar do tema e quiser pesquisar sobre isso venha me perguntar o nome - surge com um moto fascinantemente estrangeirista: "existir é diferir".
Não ouso supor, obviamente, que, ao surgir com esta proposta tal filósofo quisesse chegar ao menos perto do que vou postular aqui, mas, é isso o que faço: leio coisas, vejo coisas, vivo coisas e as digiro, regurgitando-as na minha versão de mundo (novos agradecimentos ao meu amigo) que constrói minha des-pretensiosa filosofia estrangeirista.
Existir é diferir. É isso; uma frase que fala por si só (coisa que todas as frases deveriam fazer, embora apenas poucas se prestem a isso...). Decomponha-se você. Em quantas mil partes diferentes você poderia se desmantelar? E, ainda que chegue na menor destas partes, no mais decomposto da decomposição, ainda assim, esta parte (a tal da mônada) não poderia ela mesma se constituir de infinitas possibilidades? Parece que é isso que o filósofo gostaria de afirmar, embora eu construa essa idéia a partir da leitura de meia dúzia de linhas de um terceiro sobre ele. De qualquer forma, a afirmação de que a diferença é o substrato fundamental de qualquer coisa, a propriedade primária de tudo o que existe, soa demasiadamente estrangeirismo existencial para que eu deixasse passar em branco por aqui.
Tudo começa na diferença e nela termina, e é a diferença que promove interações intra e inter o que quer que seja. É como o princípio da homeostase: se não há diferença de temperatura, não há troca. Se não há troca, o sistema padece entropicamente. Logo, se se dá a troca, o diálogo, a interação, pressupõe-se que tudo parte de um estado inicial de diferença, de outra forma, as interações não seriam startadas.
Mesmo que 99,9999999% das variáveis sejam idênticas, existir é diferir, e o tal 0,0000001% fará toda a diferença. Literalmente. Você aí que decompôs-se até a mônada, percebe que milhares é si mesmo? Percebe elementos que fugiam até mesmo ao seu conhecimento? Percebe que, por mais que você queira gostar de se convencer disso, O Segredo não vai resolver a sua vida, porque, no mesmo momento em que você, setecentos outros violinistas estão empenhados em pensamentos positivos para conseguir a única vaga de violinista da sinfônica da Bélgica? E cada um de vocês violinistas são absurdamente diferentes em suas existências, não importa o quanto pensem positivo para a mesma coisa.
Pensar positivo não ajuda (sinto muito). Pensar negativo também não ajuda. O que ajuda é pensar, pensar com cada parte de cada uma das suas mônadas, que formam um conjunto único e diferenciado. Pensar para recriar-se.
Eu não sei em que vai dar esta filosofia que tem por lema "existir é diferir", posto que não terminei ainda o texto do meu amigo que escreve sobre este filósofo, e a quem ambos sacrifiquei aqui em nome dos meus próprios filosofismos. Mas sei que daqui, de onde estou, só posso descambar para a idéia de que a diferença é também a mãe da igualdade. Como segue: se todos fôssemos iguais a priori, da igualdade não pode surgir diferenciações, tendo a igualdade como entropicamente morta. Já se partirmos do princípio que todos somos diferentes, da diferença, geramos a igualdade, dado que é comum a nós todos o fato de sermos diferentes.
A existência, deste modo, torna-se suportável, pois que a incomensurável diferença entre nós todos, e ainda entre nós e todas as outras coisas, é a própria parturiente do sentimento de pertença que nos identifica entre nós e como pertencentes a esta realidade a que chamamos mundo.
Existir é diferir. E está é a minha versão de mundo que me torna diferente de todos vocês. Qual é a sua?
Acabo de encontrar, por exemplo, uma filosofia dessas que andam por aí desde finados "1800 e encarnação passada", que apregoa - muito que resumidamente aqui, pois que não quero ser achincalhada de não saber discorrer fidedignamente sobre tal, coisa que não o sei mesmo - algo sobre mônadas, quais sejam: a partes que se coadunam para formar os todos. Por exemplo, os átomos. Mas a novidade - em 1895 - é a proposta de que as mônadas (sério, vão pesquisar na wikipédia e afins pra entender isso aqui direito) são, ao invés das últimas instâncias a que se pode algo reduzir, pasmem!, compostas. Infinitamente compostas de diferenças. Significando, para este filósofo e os que nele acreditam, que qualquer coisa no mundo poderia ser decomposta em infinitésimas diferenças. (Que meu amigo me perdoe se isto aqui estiver muito plagiístico de seu texto, mas já vou descambar para outros quinhentos...)
Sim, mas o que eu queria com essa explicação superficial de caráter introdutório que em verdade serviu mais para embaralhar a cabeça de quem não conhece o autor em questão e não sabe o que é uma mônada, era chegar ao fato de que, este dado filósofo - quem gostar do tema e quiser pesquisar sobre isso venha me perguntar o nome - surge com um moto fascinantemente estrangeirista: "existir é diferir".
Não ouso supor, obviamente, que, ao surgir com esta proposta tal filósofo quisesse chegar ao menos perto do que vou postular aqui, mas, é isso o que faço: leio coisas, vejo coisas, vivo coisas e as digiro, regurgitando-as na minha versão de mundo (novos agradecimentos ao meu amigo) que constrói minha des-pretensiosa filosofia estrangeirista.
Existir é diferir. É isso; uma frase que fala por si só (coisa que todas as frases deveriam fazer, embora apenas poucas se prestem a isso...). Decomponha-se você. Em quantas mil partes diferentes você poderia se desmantelar? E, ainda que chegue na menor destas partes, no mais decomposto da decomposição, ainda assim, esta parte (a tal da mônada) não poderia ela mesma se constituir de infinitas possibilidades? Parece que é isso que o filósofo gostaria de afirmar, embora eu construa essa idéia a partir da leitura de meia dúzia de linhas de um terceiro sobre ele. De qualquer forma, a afirmação de que a diferença é o substrato fundamental de qualquer coisa, a propriedade primária de tudo o que existe, soa demasiadamente estrangeirismo existencial para que eu deixasse passar em branco por aqui.
Tudo começa na diferença e nela termina, e é a diferença que promove interações intra e inter o que quer que seja. É como o princípio da homeostase: se não há diferença de temperatura, não há troca. Se não há troca, o sistema padece entropicamente. Logo, se se dá a troca, o diálogo, a interação, pressupõe-se que tudo parte de um estado inicial de diferença, de outra forma, as interações não seriam startadas.
Mesmo que 99,9999999% das variáveis sejam idênticas, existir é diferir, e o tal 0,0000001% fará toda a diferença. Literalmente. Você aí que decompôs-se até a mônada, percebe que milhares é si mesmo? Percebe elementos que fugiam até mesmo ao seu conhecimento? Percebe que, por mais que você queira gostar de se convencer disso, O Segredo não vai resolver a sua vida, porque, no mesmo momento em que você, setecentos outros violinistas estão empenhados em pensamentos positivos para conseguir a única vaga de violinista da sinfônica da Bélgica? E cada um de vocês violinistas são absurdamente diferentes em suas existências, não importa o quanto pensem positivo para a mesma coisa.
Pensar positivo não ajuda (sinto muito). Pensar negativo também não ajuda. O que ajuda é pensar, pensar com cada parte de cada uma das suas mônadas, que formam um conjunto único e diferenciado. Pensar para recriar-se.
Eu não sei em que vai dar esta filosofia que tem por lema "existir é diferir", posto que não terminei ainda o texto do meu amigo que escreve sobre este filósofo, e a quem ambos sacrifiquei aqui em nome dos meus próprios filosofismos. Mas sei que daqui, de onde estou, só posso descambar para a idéia de que a diferença é também a mãe da igualdade. Como segue: se todos fôssemos iguais a priori, da igualdade não pode surgir diferenciações, tendo a igualdade como entropicamente morta. Já se partirmos do princípio que todos somos diferentes, da diferença, geramos a igualdade, dado que é comum a nós todos o fato de sermos diferentes.
A existência, deste modo, torna-se suportável, pois que a incomensurável diferença entre nós todos, e ainda entre nós e todas as outras coisas, é a própria parturiente do sentimento de pertença que nos identifica entre nós e como pertencentes a esta realidade a que chamamos mundo.
Existir é diferir. E está é a minha versão de mundo que me torna diferente de todos vocês. Qual é a sua?
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Estranhe.