Pular para o conteúdo principal

Aforismos

Tranformação. Já mudei tanto na vida, e ainda assim, existe um eixo central que reconhece infinitamente ser eu mesma.

Feminino. Eu não seria outra coisa senão o feminino.

Idiossincrasias. Não há nada mais sedutor no outro do que suas idiossincrasias.

Escolha. Ser infinitamente quem se é tem me trazido muitos problemas.

Descoberta. Hoje eu descobri que sou uma pessoa vazia e superficial.

Autoimagem. Na maioria das vezes, o que vemos de nós é através daquilo que enxergamos no olhar dos outros.

Existir. As coisas são exatamente aquilo que são. Nem mais, nem menos.

Alma. Minha alma é um esplendor que carrego sobre os ombros; é tão mais exuberante quanto mais pesado a cada carnaval.

Criatividade. Minha produção só é fértil em tempos de tempestade existencial. A calmaria da felicidade é improdutiva...

Prisão. Hoje, tive claustrofobia ao ar livre.

Efeito. É tudo uma questão de droga e dose.

Sustentação. Ver as coisas através das nossas lentes distorcidas é muito menos doloroso que aceitar a realidade do outro.

Solidão. O mais difícil sempre é saber a quem recorrer.

Do discurso. É tudo mentira.

Liberdade. Sou como um barco desancorado, ao qual as ondas não levam que nos limites desta baía.

Lugar. Estou exata e infinitamente onde deveria estar, sempre, tempo presente.

Literatura. Me importa o tamanho sim!

Consenso. Eu me faço num eterno acordo tácito entre as demandas da coletividade e meu juízo pessoal.

Tempo. A força do agora sempre é maior que a virtualidade do possível. Sucumbir a ela é romper com a realidade linear.

Do Amor. Quem sou não contempla ter quem amo.

Do Etílico. Whiskas está para o Denker como whisky está para mim.

Da Incoerência. Sou triste por que sou feliz. Os opostos habitam em mim como uma clareza indiscernível.

Do Conhecimento. Compreender completamente quem você é não o impede de me fazer sofrer. Compreender completamente quem eu sou sim.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

É necessário dividir porque não se cabe em si mesma. Cena 1

Toda casa está apagada; há uma panela besuntada de azeite sobre o fogo alto da primeira boca direita do fogão. O filme está pausado. Toda a casa está apagada. A luz da cozinha lança penumbra sobre a sala e o banheiro. Ela já não cabe em si mesma e não sabe ao certo o que fazer com isso. Sai dois passos além da porta da cozinha, e, segurando o saco com seus últimos milhos, gira noventa graus para se deparar com a sala. Toda a casa está apagada. O que é isso que ela vê? A panela superaquecida fumega sobre a primeira boca direita do fogão, e ela não entende o que vê. Não não entende de um estado confusional, mas de uma certa perplexidade com a realidade. É isso, ela está perplexa com o que parece ser real. Na sala penumbrada os tons de vermelho sobressaem e ela olha vagarosamente da direita para a esquerda, como se quisesse ver, enquanto o filme continua em pausa e a panela fumega prevendo um incêndio que não acontecerá. Ela retoma o curso do fazer. Os milhos caem fazendo estardalhaço sob

Estrangeirismo

Estrangeirismo. Extranjero. Étranger. Étrange. Strange. Stranger. Estranho. Platão, pai da filosofia como nós a conhecemos desta metade da laranja, vê no estranhamento a origem da filosofia. O Homem começa a filosofar porque sente este estranho estranhamento do mundo. Eros é quem filosofa, esse daimon do intermédio que está entre a sabedoria e a falta de recursos. Eros é impulsionamento, e se não lhe houvesse a falta, não lhe haveria o movimento. Por outro lado, temos a já enxovalhada frase que afirma que "o Homem é um ser gregário". Vivemos no outro. Nos constituímos no jogo de identificação e diferenciação com o outro. No olhar do outro. No toque. É preciso estranhar. Mas é preciso pertencer também. A solidão é um tema arquetípico dos mais densos, e pertence ao mundo do estranhamento, da não pertença, do estrangeirismo em todo lugar. Quantas pessoas devem sentir-se assim em todo mundo, estrangeiras em qualquer lugar? "Eu não sou daqui, marinheiro só", deve chamar-

Soneteando meio torto.

Singrando em minha pele Teu corpo vai, sem hora E o tempo de outrora Não faz que se revele. Se não mais vivo aquele Penar que de outra vez Corroía minha tez Teu olhar que assim sele Compromisso de não ter às vistas de quem olha Compromisso algum de ser Pois que noite que o valha Se vem deste teu prazer Vale mil tu'a migalha.