E será isso então o filosofar? Criar para si mesmo uma filosofia própria que o retire da similitude, que lhe forneça sua própria cosmovisão, e que diga: "eis o mundo, é assim que se me apresenta, e é a mim, sozinho, que comunica esta realidade peculiar, que não é de mais ninguém, senão minha!"
E se ninguém mais puder compartilhar do que eu sinto? E se for eternamente impossível que alguém compreenda o que se passa comigo? E se, quanto mais infurnada na minha realidade pessoal, mais distanciada de vivenciar algo coletivamente? Sozinha, para todo o sempre? Esse é o destino do meu estranhamento?
O preço do filosofar é a solidão, então. O retraimento social. Mais: a rejeição! Porque não é só você que se sente insuportavelmente diferente dos outros, mas os outros, estes alheios tão estranhamente iguais entre si, não suportarão existir ao seu lado, tamanha é a distância daquilo que você diz para aquilo que te escutam dizer!
Na filosofia deste lado da laranja estamos fartos de belos exemplares do estrangeirismo existencial na sua mais solitária e enlouquecedora forma, a quem o populacho costuma labelar "louco", "excêntrico", "negativista", "maníaco", "sifílico", "estranho"... bom, quanto ao "estranho", nisso estavam certos, embora o populacho - que é uma palavra da qual eu muito me apeteço, sem vergonha de repetí-la - nunca faça noção da dimensão da estranhetude de um estrangeirista.
Nesse quesito, não há maior estrangeirismo que o nietzscheniano. Se Sartre é o patrono do estrangeirismo existencial, Nietzsche é o pai, a mãe, o coração e o próprio conceito nele mesmo. Nietzsche é sozinho naquilo que enxerga, e a imensidão desse ver o levou ao total distanciamento da realidade compartilhada. É o próprio Zaratustra no meio da praça! - Aliás, deve haver algo com as praças, para serem locais tão propícios às manifestações de estrangeirismo...
Nietzsche quer que um super-homem venha nos restituir a glória, mudando como um deus o rumo da história, porque em meio a comunidade humanoide, não há salvação para a diferenciação. Se mataram o próprio Deus deles, de quem foram criados à imagem e semelhança, que hão de fazer com aqueles que somos estrangeiros?
E se ninguém mais puder compartilhar do que eu sinto? E se for eternamente impossível que alguém compreenda o que se passa comigo? E se, quanto mais infurnada na minha realidade pessoal, mais distanciada de vivenciar algo coletivamente? Sozinha, para todo o sempre? Esse é o destino do meu estranhamento?
O preço do filosofar é a solidão, então. O retraimento social. Mais: a rejeição! Porque não é só você que se sente insuportavelmente diferente dos outros, mas os outros, estes alheios tão estranhamente iguais entre si, não suportarão existir ao seu lado, tamanha é a distância daquilo que você diz para aquilo que te escutam dizer!
Na filosofia deste lado da laranja estamos fartos de belos exemplares do estrangeirismo existencial na sua mais solitária e enlouquecedora forma, a quem o populacho costuma labelar "louco", "excêntrico", "negativista", "maníaco", "sifílico", "estranho"... bom, quanto ao "estranho", nisso estavam certos, embora o populacho - que é uma palavra da qual eu muito me apeteço, sem vergonha de repetí-la - nunca faça noção da dimensão da estranhetude de um estrangeirista.
Nesse quesito, não há maior estrangeirismo que o nietzscheniano. Se Sartre é o patrono do estrangeirismo existencial, Nietzsche é o pai, a mãe, o coração e o próprio conceito nele mesmo. Nietzsche é sozinho naquilo que enxerga, e a imensidão desse ver o levou ao total distanciamento da realidade compartilhada. É o próprio Zaratustra no meio da praça! - Aliás, deve haver algo com as praças, para serem locais tão propícios às manifestações de estrangeirismo...
Nietzsche quer que um super-homem venha nos restituir a glória, mudando como um deus o rumo da história, porque em meio a comunidade humanoide, não há salvação para a diferenciação. Se mataram o próprio Deus deles, de quem foram criados à imagem e semelhança, que hão de fazer com aqueles que somos estrangeiros?
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Estranhe.