Todo amor é transitório. Primeiramente, porque nada no mundo permanece, e o amor, como algo que é, não fugiria à regra. "Segundamente", em virtude de ser o amor o que é: amor; e assim o sendo, não poderia ser de outra forma senão transitório. Aquele que transita, que faz o trânsito entre lugares e coisas, de uma coisa para outra, em movimento. Hoje eu amo o preto, amanhã o branco; hoje amo em cima, amanhã em baixo; hoje amo, amanhã desamo. Não me refiro à finitude: amor não acaba. Transitoriedade. Já amei uma infinidade tão grande de pessoas, a algumas delas, amei-as por alguns segundos, o tempo que durou o ônibus parado no sinal, eu a observá-las. E era amor, tenho certeza. Algumas pessoas são tão facilmente amáveis, que alguns segundos no trânsito basta para amá-las, vivê-las, esquecê-las. Como todo amor na sua transitoriedade. Se for eterno, não é amor, é outra coisa. Ou não é nada, a única coisa que permanece. Se se ama alguém há muitos anos, por toda a vida, ou nos últim...
Espanto. Estranhamento. Perplexidade. Estrangeirismo.